5 reflexões que vão te surpreender – Parte 1
Quando comecei a pensar sobre escrever sobre o tema ” 5 reflexões que vão te surpreender “, vieram muitas ideias à cabeça. Uma delas é muito importante pra mim, pois demorei muito tempo para compreende-la e aceitá-la. Apesar disso, foi muito libertador pensar a respeito da sensação de tranquilidade ao finalmente perceber que VOCÊ NÃO PERDE O QUE VOCÊ NÃO TEM. Ao longo do post pretendo demonstrar como esse pensamento pode ajudar em praticamente todos os aspectos de nossa vida.
Apesar da importância dessa reflexão, acredito que todas as cinco outras que irei apresentar em série podem ajudar você a perceber se está vivendo sobre máximas, regras e concepções equivocadas sobre você, sua vida e principalmente sobre as pessoas com que se relaciona.
Ao longo da vida, as pessoas aprendem muitas coisas sobre tudo, seja com a família, amigos, escola, trabalho, relacionamentos (superficiais ou não) e isso se prolonga até o final dela. Esse aprendizado acaba substituindo o anterior e gera mudanças saudáveis em nós mesmos. Estas mudanças aumentam nossa capacidade de lidar com as nossas dificuldades e problemas, podendo gerar muito mais segurança e autoestima.
Porém, e se eu disser que há verdades libertadoras que você nunca deu atenção, mas que estão aí, próximas a você, acessíveis e que talvez vc não tenha se dado conta? Pois é, com tanta informação que temos acesso hoje em dia, isso pode parecer até contrassenso, mas não é. Acompanhe o texto e veja se faz sentido pra você o que irei dizer.
Antes de iniciar a primeira reflexão, gostaria de fazer um desabafo sincero: eu realmente espero que eu esteja errado, que você não se surpreenda com o que eu irei dizer. Certas crenças são causadoras de sofrimento e esta é uma delas. Se você nunca pensou ou agiu da forma que irei descrever, fico muito feliz. Senão, espero que este texto possa te ajudar a criar a chave da saída para qualquer problema dessa natureza que vc possa estar passando.
VOCÊ NÃO PERDE O QUE VOCÊ NÃO TEM!
Isso parece tão lógico que você poderia achar que eu estou com um parafuso a menos. Mas eu pretendo demonstrar que isso não é tão absurdo quanto parece.
Existem muitas pessoas lutando, ao longo de toda sua vida, para manter relacionamentos ou coisas, com a constante sensação de que a possibilidade de perda está a um passo. Para isso, faz esforços muito grandes e emocionalmente desgastantes, com a “ilusão” que está ao seu alcance controlar a escolha e o julgamento das pessoas sobre si. Será que elas, alguma vez, pararam pra pensar se realmente precisa fazer tudo exatamente do jeito que faz? Será que seu esforço, apesar de poder até ser válido em algumas ocasiões, não é desnecessário?
O medo é um sentimento muito forte e presente no dia a dia de todos nós. Já mostrei em outro artigo como o medo é necessário para nossa sobrevivência, mesmo nos dias atuais. O problema do medo é quando ele é baseado em interpretações da realidade que geram uma impressão de perigo maior do que realmente é. Essa impressão é natural, pode ser encarada até como uma espécie de auto cuidado. Porém sob um exame mais próximo, se mostra exagerado e limitante, além de gerador de sofrimento desnecessário.
Em termos de relacionamento, por exemplo, isso é muito mais visível. Para fazer um exame simples a respeito, pense na quantidade de vezes que você já deixou de fazer algo que poderia ser bom pra você ou de falar sobre uma grosseria ou falta de consideração de alguém, por temer a reação da pessoa?
E SE EU FALAR O QUE EU PENSO?
A reflexão, nesse caso, é necessária, pois a resposta a essa pergunta pode ser um dos maiores temores das pessoas. Se alguém que você ama e respeita está tendo atitudes que te machucam, por que não expressar isso? Você pode dizer que se preocupa com o que essa pessoa vai fazer, como ela vai ficar, se vai se sentir magoada ou qualquer outra reação possível. Vamos tentar identificar a origem dessa interpretação e por que, mesmo nessa situação específica, ela se mantém.
O que você imagina que essa pessoa vai dizer ou fazer de tão “TERRÍVEL” que assusta tanto? Aqui gostaria de fazer um adendo, uma observação importante. É necessário tirar desse raciocínio as reação explosivas e violentas de algumas pessoas descompensadas. Aqui peço pra você pensar em pessoas “normais”, que você sabe que não machucarão fisicamente ninguém, mesmo que não gostem do que ouviram.
Analisando o seu pensamento nessa situação, dá pra dizer que sua expectativa é que essa pessoa tenha exatamente qual reação na PIOR hipótese? Será que começa a aparecer uma sensação de perda iminente e que precisa ser evitada? É importante tentar perguntar a si mesmo se esse pensamento vem de uma verificação da realidade ou veio de forma automática, baseado em algo que não está presente no momento. As diferenças entre as duas são muito grandes e com efeitos futuros bastante diversos.
EU SEI QUE NÃO VAI ACONTECER NADA. MAS…
Muitas pessoas relatam que SABEM que não acontecerá nada (também não sei como elas sabem isso, já que o futuro e a reação é das outras pessoas e elas podem ser imprevisíveis), mas não SENTEM. Mas será que a resposta está no seu sentimento?
Nesse caso especial, o medo da resposta negativa mantém a pessoa presa nesse círculo sem fim de impressões sem confirmação. A pessoa, a fim de evitar o sofrimento possível se a PIOR resposta acontecer, se mantém em silêncio. O que ela não sabe é que talvez a imaginação dela seja pior que a realidade, a reação do outro. Mas, se por algum motivo, ela chegar à conclusão que essa reação pode ser de abandono por parte do outro, ela vai reagir como sempre reagiu e ter as mesmas consequências que sempre teve. Afinal, esse sofrimento é conhecido, não é?
Você pode pensar: “para que eu vou correr esse RISCO? E se a ela(e) realmente tiver essa PIOR reação, o que eu vou fazer? Melhor eu ficar na minha. Uma hora ELA VAI VER QUE ERROU e vai me pedir desculpas”. Esse tipo de pensamento aparenta ser uma tradução do pensamento: NA DÚVIDA, MELHOR NÃO FAZER NADA. Mas é uma dúvida mesmo?
A conclusão possível é que uma interpretação do PERIGO gerou várias atitudes de FUGA ou ESQUIVA de possíveis catástrofes que viriam (ainda que nem sempre nós saibamos bem ou tenhamos claro que catástrofes são essas). Quem quer, em sã consciência, enfrentar uma catástrofe?
O que geralmente acontece é que essas atitudes podem até resolver o problema temporariamente, mas a sensação que fica é de estar o tempo todo “pisando em ovos”. Tente imaginar a cena de uma pessoa pisando em ovos, tentando não quebrá-los e compare com o que acontece quando você se comporta da maneira que falei. Pois é.
COMO TESTAR ESSA PERCEPÇÃO?
Queria propor a você que respondesse algumas perguntas sobre o que você pensa. Elas tem o intuito de criar condições de reorganizar a sua forma de pensar. Elas podem facilitar a busca de evidências sobre sua forma de pensar, ajudando a ter uma visão mais realista sobre você. Para isso não é necessário discordar do que você vem sentindo e vivendo ao longo dos anos, apenas aumentar sua capacidade de análise:
SE ESSA PESSOA GOSTA DE VOCÊ (COMO VC GOSTARIA QUE FOSSE VERDADE), POR QUE ELA CONTINUA TE MACHUCANDO? COMO VOCÊ EXPLICA ISSO PARA VOCÊ MESMO?
COM QUE FREQUÊNCIA VOCÊ TENTA DESCOBRIR O QUE REALMENTE ELA ESTÁ PENSANDO E QUERENDO COM SUA ATITUDE?
PARA QUE ESTA PESSOA NÃO TE ABANDONE , VOCÊ IRÁ FICAR PARA SEMPRE EVITANDO FALAR PARA ELA O QUE ESTÁ SENTINDO?
SE VOCÊ TEM QUE FAZER TUDO O QUE ESSA PESSOA QUER PARA NÃO PERDÊ-LA, VOCÊ PODE DIZER QUE VOCÊ TEM ESSA PESSOA NA SUA VIDA?
ELA ESTÁ CONTIGO PELO QUE VOCÊ É OU EXCLUSIVAMENTE PELO QUE VOCÊ FAZ A ELA?
VOCÊ RECONHECE A SUA CAPACIDADE DE LIDAR COM PERDAS QUE NÃO PODE EVITAR?
VOCÊ NÃO PRECISA SER ÚTIL PARA SER AMADO
Qualquer um pode perder algo que ama na vida, por vários motivos. E nem sempre evitar esta perda está sob nosso controle. Muitas vezes, temos a ilusão de que a única forma de não perder quem amamos é sermos passivos e atender todas as demandas. E isso pode ser reforçado pelo outro, que nem sempre está ciente dessa reação que gera em você. Talvez aí esteja uma armadilha: ele não o faz pelos motivos que você imagina. Mas a sensação é essa, certo? Melhor não perguntar.
Por outro lado, a sensação de ter algo, de pertencimento, é baseada na igualdade de direitos e deveres dentro da relação. E isso se consegue a partir do momento que há clareza na comunicação. Quando chegamos a conclusões baseadas em “achismos”, impressões sem comprovação, frequentemente acontecem problemas. Por exemplo, como avaliar seu valor se nada do que você pensar puder ser dito, sob pena de ser criticado, julgado e até abandonado por isso?
Caso você viva um relacionamento com as características acima, talvez você possa, sem perceber, estar em um modo “servidão” e não no modo “troca”, que é a base de relações equilibradas baseadas em amor.
Qual tipo de relacionamento você iria querer, se tivesse escolha? Falando da forma mais realista possível, dá a impressão que você está “alugando” uma companhia. E, como todo aluguel, o dono do imóvel pode te por na rua a qualquer momento!! Nesse caso, estar errado nas suas conclusões seria um grande alívio.
Porém, a boa notícia é que pode ser que essa não seja bem assim situação. Mas se você não correr “riscos” para descobrir e compreender as motivações e ações da pessoa com quem se relaciona, pode criar uma prisão para você mesmo, como Morpheus disse em MATRIX: a prison, for your mind!!
DESCUBRA O QUE VOCÊ REALMENTE TEM
Ao longo do post falamos sobre várias formas de fazer questionamentos a si mesmo e ao outro. A ideia é tentar buscar evidências que confirmam ou não o que você está pensando. Existem muitas formas de lidar melhor com as pessoas que se relacionam com você.
É muito frequente que a pessoa não faça a mínima ideia do que geram em você com suas atitudes. É muito possível que fiquem até mesmo surpresas e felizes ao escutar o que você diz. Afinal, elas mesmas tem suas próprias interpretações desconexas da realidade. Descobrir uma forma de se comunicar, que seja cuidadosa e ao mesmo tempo esclarecedora, é libertadora na maioria dos casos.
Você só descobre se tem algo se você coloca à prova a sua crença de perda. Muito provavelmente já aconteceram diversas situações que você descobriu que sua apreensão sobre algo não era verdadeira. Além disso, descobre que seu valor não é dado só pelo que você faz e sim pelo que você é. Descobre também que a pessoa nem se dava conta do seu sofrimento e que ela era a responsável por ele. Com a verdadeira reação do outro à mesa, sem mal entendidos, qual a diferença na sua sensação?
QUAL A PRÓXIMA REFLEXÃO?
O próximo post da série “5 reflexões que vão te surpreender” faz uma reflexão sobre a charge que coloco abaixo, do pinterest, mas que volta e meia também aparece no Facebook. Ela tem aparência de realidade e faz com que as pessoas criem medos desnecessários. Você já pensou assim antes?
Tenho a petulância de afirmar que ela é uma das maiores bobagens que eu já vi nas mídias sociais. Segue aí a foto e sua mensagem distorcida, que tenho o prazer de tentar desconstruir no próximo post:
E se gostou desse post, comente, compartilhe, deixe sua contribuição nos comentários. Elas são muito valiosas. Tenho certeza que contribuirá para ajudar outras pessoas com esse tipo de sofrimento.
Excelente feriado!!!